LHW

Portugal: The Yeatman

Portugal talvez seja o destino mais óbvio para o brasileiro na Europa, seja pelo grande número de voos diretos, seja pela falta - ou quase - de barreiras linguísticas.

Símbolo de Lisboa
Mas nossos descobridores têm muito mais atrações que as tradicionais cidades de Lisboa e Porto. Não que a primeira não seja imperdível e que a segunda tenha me surpreendido - positivamente - em minha segunda visita.

Fachada do Hotel Pestana
Mas vamos lá, começando pelo "caminho". Para variar fomos de TAP, nossa velha conhecida. Os serviços da TAP executive podem ser vistos aqui. O diferencial desta viagem é que na volta embarcamos no mais recente A330 da TAP, com sistema de entretenimento AVOD e assentos que, aparentemente, eram ligeiramente superiores àqueles dos antigos A330 e dos A340 em que já voamos. A configuração é a mesma 2+2+2 o que para quem viaja em família é um pouco ruim, já que não há a opção dos três assentos centrais. Por algum erro do pessoal da TAP nossos assentos foram alterados e ficaríamos separados, mas, contando com a boa vontade dos demais passageiros e da tripulação - sempre solícita - conseguimos nos acomodar em poltronas próximas. Esse sistema de entretenimento realmente faz toda a diferença e é um ponto muito positivo nessa aeronave, com diversas opções de filmes, séries e jogos (os velhos conhecidos Tetris e afins). Os assentos, por outro lado, merecem uma renovação, ainda que tenha notado uma melhora - talvez não existente - nos assentos desta aeronave nova.

Kit de amenidades entregue para as crianças

A pequena recebeu uma revista com adesivos e figuras para colorir, além de um kit de amenidades especial para crianças com jogos e passatempos. Esse kit é realmente bem interessante, já que manteve a criança ocupada por boa parte do voo. Além disso, a refeição especial para crianças é uma boa pedida - reserve com antecedência pela central de atendimento - porque mais ao gosto das crianças.

Detalhe do kit para crianças

A capa do menu, mais simples nesta viagem
Os pratos servidos. Fui de sopa e frutos do mar com legumes


Acho que a primeira parada essencial para o viajante é Lisboa. Já ficamos hospedados em dois hotéis: o Pestana Palace e no Sofitel Lisboa. O primeiro é um hotel histórico, membro dos LHW, nem é preciso dizer que você terá uma estadia inesquecível, com quartos amplos ao estilo velho mundo. Já o Sofitel tem a melhor localização da cidade, os quartos são menores e com decoração moderna. Surpreende a qualidade dos itens de banheiro do Sofitel. Em qualquer um deles a satisfação será garantida. Lisboa é uma cidade para ser explorada a pé e seus pontos turísticos são mais do que conhecidos. Os únicos locais mais distantes são o Mosteiro dos Jerônimos, os imperdíveis Pastéis de Belém (só aqui, o resto é pastel de nata!) e o Parque das Nações que abrigou a Expo 98. Reserve de três a cinco dias, dependendo do seu ritmo.

Centro de Sintra
Nas proximidades de Lisboa, Sintra e Óbidos não devem ser esquecidas. A primeira pelo Palácio e pelas ruazinhas de seu centro histórico e a segunda para uma caminhada por suas muralhas. Meio dia para cada cidade é suficiente.
O Palácio de Sintra, não confundir com o castelo




Universidade de Coimbra
Ao norte, Coimbra, com sua antiga universidade e o hotel Quinta das Lágrimas são essenciais. O hotel teria sido o palco da morte de Inês de Castro, tem um belíssimo bosque e na Universidade, patrimônio da humanidade, destaque para a biblioteca Joanina, a Via Latina e a Prisão. Quando nos hospedamos, o hotel era um dos Relais & Chateaux, hoje é um SLH, portanto, deve manter o nível de excelência. Recomendo. Um dia e meio é ideal.



O Alentejo deve ser a região mais pitoresca de Portugal e para mim, a mais interessante até agora. São diversas vilas e vilarejos a serem visitados na região, dependendo do tempo e do interesse de cada um. O roteiro ideal pode ser feito no site da região ou mais especificamente no site das Aldeias Históricas de Portugal. Já adianto que as estradas são sinuosas e estreitas, então, programe gastar um pouco mais de tempo no trajeto. Como base para o Alentejo elegemos a cidade de Évora, na Pousada dos Lóios. Sim, é a cidade da Capela dos Ossos, mas eu honestamente, passaria essa atração sem problema, já que a cidade tem muitos outros atributos, assim como a região. De qualquer forma, meu roteiro: Piodão, Castelo Novo, Monsanto e Idanha-a-Velha, com especial destaque para a primeira e a terceira.
Alentejo e suas aldeias históricas



Piodão e suas casas de ardósia
Ainda mais ao norte, se puder e tiver tempo, dê uma passada na floresta do Bussaco. Ali está localizado o Palace Hotel do Bussaco, onde passamos uma noite. Sinceramente, não acrescentou muito à viagem, mas não deixa de ser uma estadia, no mínimo, diferente. A floresta, por outro lado, é bastante interessante.

Floresta do Bussaco
Finalmente, Porto. Essa cidade me trouxe duas sensações completamente diferentes. Há quem diga que é uma cidade interessante e que deve ser visitada. Minha primeira impressão não foi essa. Exceto pela Ponte Dom Luís, pela visita às vinícolas e pela Casa da Música, a impressão que tive foi de má conservação e pouco a fazer. A segunda impressão, quando voltei alguns anos depois é que a cidade havia se transformado, mas devo confessar que nesta segunda vez não visitei o centro histórico da cidade, que me havia passado a primeira má impressão.

Talvez muito dessa nova impressão seja reflexo da estada e do jantar no The Yeatman. Vista perfeita, quarto perfeito, atendimento um pouco lento - mas não posso reclamar, já que chegamos antes do previsto - instalações impecáveis, localização primorosa e excelente jantar.

A bela propriedade do The Yeatman

O pórtico de entrada do The Yeatman

Localização muito próxima das caves

Vista do quarto para a ponte D. Luís
Vamos ao que interessa: o jantar. Injustamente, o restaurante possui uma estrela Michelin. Digo isso porque mereceria, pelo menos, mais uma estrela. Fomos com a pequena para o jantar e a atenção foi especial. Nada daquela simpatia forçada para agradar aos pais. Tudo pareceu muito sincero, com direito, inclusive, a uma visita à cozinha. Poucos foram os restaurantes que entregaram um pequeno menu para acompanharmos a refeição, nenhum deles era uma estrela, mas o The Yeatman quebrou essa escrita, ponto positivo.

Começamos com dois brindes do chefe. O primeiro era composto por cinco petiscos e me lembro bem da azeitona molecular:



Depois, uma espécie de "mandiopan" bem sequinho com camarões (a foto está mesmo ruim):



A seguir, terrina de vitela com foie gras, pão de pistache, batata brava e maionese de wasabi:



Cannelioni de melão com santola, carpaccio vegetal, mozzarella molecular e consommé de crustáceos e limão:



Ostra defumada com talharim de pepino, creme de mexilhão e caril:



Sauté de salmonete com molho de tomate e paprica:



Gema líquida com pão alentejano e aspargos:



Carré e perna de leitão:



Pré sobremesa:



Frutas em diversas texturas e combinações:



Destaque para a azeitona molecular e para a gema líquida que estavam impecáveis, mas o melhor prato da sequência foi, sem dúvida, o leitão preparado de diversas formas e com texturas diferentes e um sabor espetacular. Posso dizer que este foi um dos melhores pratos que já tive a oportunidade de comer, me lembrando até aquelas primeiras experiências memoráveis em restaurantes estrelados. Este talvez tenha sido o melhor restaurante uma estrela em que já estivemos, mas o guia Michelin apenas manteve sua estrela este ano, para mim, uma injustiça, mereceria mais. Até tenho a impressão que o guia é menos rigoroso com os restaurantes franceses.

De qualquer forma, mais uma estrela para a contagem!

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